Hoje com 67 anos, o ex-jogador Fidélis Bento Filho começou no futebol ainda na infância no Estado do Rio de Janeiro. E logo despertou a atenção, indo parar na base do Flamengo. Anos depois, jogou no Nordeste até vir parar em Cuiabá, onde fez sucesso no Dom Bosco, embora também tenha atuado no Mixto e no Operário.

 

Natural de Pureza, distrito de São Fidélis (RJ), o ex-craque hoje se dedica à música em Cuiabá. Ofício o qual abraçou quando uma lesão no joelho o obrigou a pendurar as chuteiras.

 

Fascinado pelos sons dos instrumentos, foi estudando música e logo depois fazendo apresentações em eventos de amigos que ele encontrou uma nova carreira, que leva até os dias de hoje.

 

Na última quarta-feira (27) Fidélis recebeu a reportagem do MidiaNews na casa de um amigo, durante um ensaio, para uma tarde de recordações sobre futebol e música.

 

Da base do Flamengo ao Dom Bosco

 

No início da década de 70, jogando no Americano de Campos (RJ), Fidélis foi convidado para disputar uma partida contra um time em que estava Paulo Henrique, grande nome do Flamengo na época. No jogo, ele marcou o gol de empate.

 

Ao fim da partida, um dos dirigentes do clube chamou Fidélis e disse que Paulo Henrique queria falar com ele. “Fiquei até com vergonha de conversar com um jogador do Flamengo, Copa do Mundo 1966… E eu só um jogador do Americano, que nem disputava o Campeonato Carioca”, disse.

 

Craques do Rádio/Facebook

Time do Dom Bosco em 77

Time do Dom Bosco no Brasileiro de 1977

Paulo então prometeu que iria buscá-lo. Pouco mais de dois meses depois, quando o jovem estava em casa, em Pureza, um carro parou em frente do imóvel. A mãe foi atender e logo chamou o filho dizendo que vieram pegá-lo para levar para o Flamengo.

 

“Tomei banho correndo, peguei minhas coisas, entrei no carro e fui”, recorda.

 

Vice-campeão do Carioca em 1970, 71 e campeão em 72 e 73, quando chegou a jogar ao lado de Zico na base, Fidélis foi ganhando destaque no futebol.

 

Ele então foi para o Sergipe jogar por um tempo, mas voltou ao Flamengo porque teve uma lesão grave. A permanência no clube carioca também não durou muito.

 

“Tinha muito jogador na minha posição, igual eu. E muitos também resolveram abandonar o Flamengo. Era difícil naquela época conseguir ser titular no time principal”.

Foi então que ele recebeu uma proposta melhor para atuar em Mato Grosso. E aceitou.

 

“Eu vim para Mato Grosso em 17 de abril de 1974 pela [companhia de aviação] Cruzeiro do Sul”, recorda. “E não me arrependo”.

Não me arrependo de ter vindo para cá

 

Os times mato-grossense, na década de 70 e 80, viveram a chamada “Era de Ouro” do futebol profissional, com representantes no Campeonato Brasileiro da primeira divisão. E o Dom Bosco estava entre eles.

 

Pelo time, há um levantamento que ele tenha vestido a camisa azul e branca por mais de 240 vezes.

 

Além do Dom Bosco, ele teve passagem pelo Remo, do Pará, em 1980. Após não se sentir à vontade no clube, voltou para Mato Grosso. Em 1981, disputou Campeonato Brasileiro pelo Mixto e em 84 pelo Operário de Várzea Grande.

 

Fim da era no futebol

 

Durante uma partida entre Dom Bosco e Mixto, no Dutrinha, ele sofreu uma contusão grave após uma entrada violenta e precisou sair de campo.

 

“Passei muito tempo para recuperar. O joelho saía do lugar. Acabava de desinchar e pouco tempo depois voltava. Eu sei que nunca mais tive uma cura de 100% de novo”, conta.

 

“Quando vim para Cuiabá, eu tinha a vontade de voltar para um grande time brasileiro. Mas depois dessa contusão, percebi que não passava mais nos exames médicos”, diz.

 

Troca de posição: carreira na música

 

Já em 1984, Fidélis começou a treinar violão em casa. Com a rotina intensa de treinos em dois períodos no Dom Bosco, pouco tempo sobrava para os ensaios.

 

Ainda sentindo as dores da lesão no joelho, ele recebeu uma proposta do Atlético Mato-Grossense. “Se for em um período, eu vou”, disse ao dirigente do clube. E foi. O time tinha poucos recursos e realizava os treinos apenas em um período. No outro, Fídelis se dedicava a aprender música.

 

Um ano depois ele chegou a assinar mais um contrato com o Dom Bosco. Mas sem conseguir repetir seus melhores momentos, decidiu deixar o futebol e se dedicar à música.

 

Ele então se aprofundou no violão e depois partiu para outros instrumentos. Quando começou a tocar, a ideia era de ser uma diversão entre amigos e a família. A ideia de viver da música veio depois.

 

Após aprender, ele passou a ensinar os filhos. Quando havia festa em casa, o som era com eles. Foi numa dessas festas que ele recebeu o convite de uma amiga para tocar em um aniversário, como contratado. Começava aí seu ganha-pão fora dos gramados.

 

Junto com os filhos, fez a apresentação e gostou. Logo depois, foi convidado pelo jornalista Lino Pinheiro para tocar no Carnaval.

 

A parceria se alongou por mais um tempo, quando ele começou a tocar aos finais de semana no restaurante do jornalista.

 

Com seu teclado, ele toca e canta em vários ritmos. Vai do raqueado ao samba, passando pelo xote, vanerão, jovem guarda e lambadão.

 

 

Fídelis não tem uma banda. É contratado sozinho, mas sempre conta com apoio de alguém.

 

Hoje os ensaios são semanais e a disposição para se apresentar continua viva.

 

Atualmente, está com dois projetos em andamento. Em um, ainda em desenvolvimento, planeja atuar junto com outros dois parceiros no ensino musical para crianças carentes.  A ideia é oferecer as aulas com um preço acessível. Para isso, busca apoio de doações de violões.

 

O segundo é realizado com o amigo Altair Candido, em cuja casa ensaiava no dia da entrevista.  Eles pretendem se apresentar em eventos e casamentos.

 

O craque que encantou a torcida do Dom Bosco por vários anos ainda quer levar a alegria para as pessoas. E a música tem sido sua grande jogada.

 

Contato para agendamentos de shows: (65) 9923-8029.

POR MIDIA NEWS.