DA REDAÇÃO

O mato-grossense Gabriel Dias da Silva, de 26 anos, foi resgatado de helicóptero no último dia 15, no Alasca, após tentar passar a quarentena imposta pelo coronavírus em um ônibus que ficou famoso pelo filme “Na Natureza Selvagem”.

Em um vídeo postado em sua conta no Instagram, o aventureiro, que já viajou de carona para 22 países, conta que decidiu se isolar no Parque Nacional Denali, no Estado norte-americano, por três meses. 

“Pensei: vou acampar na beira de um rio, na beira de uma montanha qualquer no Alasca. Comprei comida, enchi minha mochila de coisas, comprei alguns equipamentos de comunicação via satélite”, relatou Gabriel.

Após sete dias caminhado em meio a neve, Gabriel teve a ideia de ir até o ônibus onde o americano Christopher McCandless morreu e teve sua história contada em livro e no filme, que foi dirigido pelo norte-americano Sean Penn.

“A história do cara é um pouco parecida com a minha. Por que eu não vou lá passar a quarentena no ônibus? E decidi ir para o ônibus”, disse. 

Após caminhar 40 quilômetros de neve e tendo de atravessar diversos rios congelados, o aventureiro finalmente conseguiu chegar ao famoso ônibus.

Depois de cerca de duas semanas no local, Gabriel percebeu que a comida não duraria por três meses como havia planejado. Ao mesmo tempo, ele começou a ler o livro que

conta a história do americano.

“Li sobre a tentativa que ele fez de voltar para a sociedade e se deparou com o rio. Li no livro vários relatos de pessoas que morreram nesse rio. Pensei que seria melhor eu voltar logo porque, se esse rio derrete, vou ficar preso aqui igual ele ficou, vou ficar sem comida. Só aí que eu tomei a consciência de que o rio era perigoso”, relembrou o mato-grossense.

Além disso, o aventureiro também afirmou ter visto diversas pegadas de urso perto do ônibus.

Reprodução/Acervo Pessoal

Gabriel Dias da Silva já viajou por 22 países

Depois de caminhar por 25 quilômetros, Gabriel se deparou com o primeiro rio derretido. Mas, segundo ele, o problema não era nem a água, era ter que escalar uma parede de gelo que poderia se quebrar com o peso.

“Eu estava com uma mochila grande e mais um trenó cheio de coisas. Na hora em que estivesse escalando, o gelo poderia despencar e eu ia cair na água. Podia bater a cabeça, sofrer algum acidente, eu estava sozinho”.

Com isso, ele decidiu acionar o resgate por meio do seu dispositivo de comunicação via satélite. Gabriel ainda conseguiu enviar uma mensagem para as equipes relatando que estava bem e tinha comida para esperar por mais uns dias.

“Apertei o SOS nesse dispositivo de socorro de comunicação via satélite e o helicóptero veio me buscar. Informei por mensagem falando que estava bem, que tinha comida suficiente para esperar, se for preciso posso acampar. Único problema é que eu não consigo atravessar o rio”, contou.

Para Gabriel, ser resgatado por um helicóptero é motivo de vergonha para a sua história como aventureiro.

“Fiquei muito envergonhado de ter solicitado esse resgate e eu sinto muito pelo transtorno que causei para todo mundo. Viajei por 22 países, tudo na aventura mesmo e nunca solicitei um resgate antes”, afirmou ao fim do vídeo no Instagram.